A CASA DO XISTO
TEVE A HONRA DE RECEBER
DOIS PARTICIPANTES DA UNDO FELLOWSHIP
UnionDocs anuncia os artistas bolseiros da Undo Fellowship
Apoiar a pesquisa colaborativa para práticas radicais no cinema documental
Para isto, a segunda ronda do UNDO FELLOWSHIP, um grupo seleto de guionistas e artistas documentaristas que participaram num processo de matchmaking orientado pela UnionDocs. Uma vez agrupado, este grupo trabalha em conjunto para desenvolver uma pergunta de pesquisa compartilhada de forma a dar motivação ao intercâmbio intelectual e criativo habitual ao longo do ano da bolsa. Esta colaboração tem como objetivo enraizar a prática cinematográfica do artista e oferecer recursos para o desenvolvimento dos seus projetos, estéticas e metodologias. O financiamento para os quatro artistas é irrestrito, enquanto os escritores são contratados para criar e organizar um leitor – um compêndio de escrita, entrevistas, excertos e coisas efémeras – que aborda a questão de pesquisa proposta de vários ângulos.
O UnionDocs Center for Documentary Art tem a honra de anunciar a seleção de quatro duplas de artistas e escritores para o UNDO FELLOWSHIP, uma iniciativa com o intuito de expandir práticas radicais de cinema e pesquisar novas linguagens do cinema documental. Os destinatários da bolsa incluem o escritor Ashon Crawley com a artista Crystal Z. Campbell, o autor Sukhdev Sandhu com a cineasta Deborah Stratman, a estudiosa Lakshmi Padmanabhan com a cineasta Miryam Charles e a escritora/ editora Jas Morgan com a artista Thirza Cuthand. Cada um dos bolseiros receberá $20.000 pela sua participação no programa de um ano, que inclui um seminário no DocLisboa 2021 seguido de um retiro na Casa Do Xisto em Portugal e um retiro final e simpósio público no Outono de 2022 no EMPAC em Rensselaer em Troy, Nova York.
A seleção destes pares deu a mesma consideração à excelência do trabalho exercido até à data e ao foco de pesquisa proposto, questões ambiciosas relevantes para a representação documental contemporânea (ver a lista de referências de pesquisa abaixo). A UnionDocs está a cultivar estruturas de feedback e um espírito de comunidade para apoiar estas explorações sustentadas, permitindo que a coorte contribua com a sua força e diversidade. O foco de pesquisa proposto por cada um dos pares vai ser trabalhado através de uma série de encontros presenciais e discussões remotas ao longo do ano da bolsa e, finalmente, será abordado numa publicação final e sessão pública no simpósio final, que espera dar uma contribuição significativa ao discurso documental. As vias de apoio para documentários formalmente aventureiros e artísticos, como o trabalho dos cineastas e artistas reconhecidos pela UNDO FELLOWSHIP, são poucas.
A co-diretora artística da UnionDocs, Jenny Miller diz-nos:
“Este programa oferece uma rara oportunidade para uma forma única e talvez inesperada de colaboração. Estamos empolgados em desenvolvê-lo como uma experiência de concessão de doações e evoluir o formato nesta nova iteração, procurando maneiras de incluir mais vozes e ângulos na pesquisa e fornecer a quantidade certa de espaço e estrutura para as ideias da dupla se transformar e crescerem. Mal podemos esperar para ver e também compartilhar como reunir estas pessoas aumenta a sua prática e pesquisa. Próxima paragem, Portugal!”
A CASA DO XISTO TEVE A HONRA DE RECEBER DOIS PARTICIPANTES DA UNDO FELLOWSHIP

Deborah Stratman realiza filmes e obras de arte que questionam poder, controlo e crença, considerando como lugares, ideias e a sociedade estão interligados. Ela considera o som a melhor ferramenta multi funcional e a hora como sobrenatural. Projetos recentes abordaram liberdade, vigilância, transmissão, escoadouros, cometas, aves de rapina, ortópteros, levitação, êxodo, evolução, irmandade e fé. Stratman expôs internacionalmente em locais como MoMA (NI), Centre Pompidou (Paris), Hammer Museum (LA), Austrian Film Museum (Viena), MCA (Chicago), Whitney Biennial (NI), Flaherty Seminar e em festivais tais como Sundance, Viennale, Berlinale, CPH:DOX, True/False, Locarno e Rotterdam. Ela recebeu bolsas Fulbright, Guggenheim e USA, um Alpert Award e bolsas da Creative Capital, Graham Foundation, Harpo Foundation e Wexner Center for the Arts. Atualmente mora em Chicago, onde leciona na Universidade de Illinois.

Thirza Jean Cuthand nasceu em 1978 em Regina, Saskatchewan, no Canadá, e cresceu em Saskatoon. Desde 1995 que tem desenvolvido vídeos e curtas metragens narrativos experimentais sobre sexualidade, loucura, identidade, amor Queer e povos indígenas, que foram exibidos em festivais internacionais, incluindo o Festival de Cinema Tribeca na Cidade de Nova Iorque, Mix Brasil Festival de Diversidade Sexual em São Paulo, ImagineNATIVE em Toronto, Ann Arbour Film Festival, Images em Toronto, Berlinale em Berlim, e no Festival de Cinema Internacional Oberhausen. O seu trabalho também foi expostos em galerias tais como Remai em Saskatoon, A Galeria Nacional em Ottawa, e no Centro de Arte The Walker em Minneapolis. Eles concluíram o Bacharelado em Belas Artes com especialização em Cinema e Vídeo na Emily Carr University of Art and Design em 2005, e o seu Mestrado em Produção de Media na X University em 2015. Atualmente reside em Toronto, Canadá.

Sediados em Brooklyn, Nova Iorque, a UnionDocs é um Centro para a Arte Documental que apresenta, produz, publica e educa. Desde 2005 que reúnem uma comunidade diversificada em busca por expressões urgentes da experiência humana, perspectivas práticas sobre o mundo de hoje e visões convincentes para o futuro. Os programas da UnionDocs são executados com a crença de que a arte documental, quando combinada com um contexto ponderado e debate aberto, é uma ferramenta inestimável para entender as complexidades da vida contemporânea e criar uma sociedade mais compassiva, ambiciosa e integrada.
GALERIA


QUESTÕES MOTIVADORAS
O SENHOR DOS SUSSURROS
O escritor Ashon Crawley e o artista Crystal Z Campbell vão examinar as várias formas de reunir e colecionar ideias, histórias e narrativas e perguntar o que acontece quando estes elementos são efémeros. Vão imaginar de que forma o conhecimento sobre a tradução geográfica negra – em toda a sua variação e tonalidade, cor e textura, peso e leveza, vibração e som – se move e como se espalha. O som de olhares e vislumbres, a visão de sussurros e palavras abafadas, é onde reside esta pesquisa. Eles questionam se o componente sonoro no filme é o aumento da relação entre lembrar e esquecer, ou se o som é uma maneira de chegar ao arquivo e o que excede a sua captura? O trabalho documental centrado no som de Campbell homenageia o intraduzível, as estratégias de opacidade e o rumor. Juntos vão requerer se fragmentos e lacunas em arquivos podem atuar como condutores históricos, oferecendo novas traduções ou questões urgentes, em torno da geografia negra, terra e corpo, e os segredos públicos embutidos nas paisagens.
FORMAS DE ERRÂNCIA
De que forma pode o documentário experimental abordar os legados da colonização como eles são vividos hoje? A académica Lakshmi Padmanabhan e a cineasta Miryam Charles vão seguir as rotas abertas por esta pergunta, viajando e filmando pela Índia e o Haiti (lugares de origem e pertença para ambos), para ouvir de mulheres mortas e vivas sobre as suas histórias de sobrevivência e estética de errância. Desta forma vão tentar obter respostas nas fissuras entre imagem e som, narrativa pessoal e história política, e nas justaposições entre o sonho de um futuro anticolonial e o pesadelo do nosso presente globalizado.
CICLOS DE VIDA DE DOIS-ESPÍRITOS
A escritora e crítica Jas Morgan e a cineasta/ artista Thirza Cuthand propõe o avanço dos ciclos de vida dos Dois-Espíritos Indigiqueer por meio de formas de reconhecimento mútuo, parentesco contemporâneo e construção de mundo. Refletindo sobre as maneiras como os povos indígenas queer, trans, dois-espíritos e não-conformes de género perderam o conhecimento sobre os seus papéis sociais e culturais e da vergonha homofóbica imposta aos povos indígenas por meio da punição e policiamento de sexualidades não normativas, eles vão expandir sobre o impacto da estética material feminista, do estilo documental privado e dos domínios experimentais para a consciencialização. Cuthand e Morgan vão-se envolver num diálogo de “chamada e resposta” trabalhando através de material de arquivo, fotos e entradas de diário, do arquivo pessoal de Cuthand com respostas teóricas de Morgan refletindo sobre o que aprenderam relativamente aos ciclos de vida dos Dois-Espíritos e Indigiqueer.
ESCUTA GEOLÓGICA
O autor Sukhdev Sandhu e a cineasta Deborah Stratman vão investigar debates críticos em torno do Antropoceno, da monumentalidade e da política da audibilidade por meio de uma investigação que olha para a geologia como uma pedagogia experimental, um arquivo a partir do qual podemos refletir sobre as maneiras pelas quais a sociedade vive entre o passado e catástrofes futuras. Baseando-se em ficção especulativa e não-ficção forense, esta pesquisa estenderá o envolvimento de longa data de Stratman com a política da paisagem. Fundamentalmente, eles vão questionar como podemos começar a formular uma política progressista – ou mesmo uma visão de futuro – que não pedestalize a espécie humana?